O engenheiro Joel Rennó é hoje um dos mais experientes profissionais de sua área no país. Trabalhou sempre em grandes empresas e com grandes projetos, como na Companhia Paulista de Força e Luz, Telefunken e no Governo do Estado de São Paulo. Foi presidente da Companhia Vale do Rio Doce e, durante nove anos, comandou a maior empresa brasileira, a Petrobrás.
Inconformado com a orientação que o governo FHC pretendia dar à empresa, Joel Rennó pediu demissão do cargo no ano de 1999. Em entrevista exclusiva ao Correio da Cidadania, ele explicou por que a Petrobrás não deve ser vendida e advertiu que a venda das ações do capital votante da empresa, como fez o governo FHC, poderia representar o início de um processo de privatização. Leia a seguir os principais trechos da conversa.
Correio: A venda de cerca de 33% das ações do capital votante da Petrobrás, como FHC pretende fazer, significa a privatização da empresa?
Rennó: Não necessariamente, porque o governo ainda conservaria a maioria do capital votante. Mas, vendendo essas ações, se cria uma situação que favorece enormemente a privatização em um momento seguinte. Vendendo 33% das suas ações agora, o governo passa a deter 50% mais uma ação —o suficiente para assegurar-lhe o comando da companhia. Mas, de 50% mais uma ação a 50% menos uma ação, o intervalo é mínimo. O risco do "take over" por algum competidor torna-se enorme. Tudo passará a depender da honradez e da competência do novo comando da empresa.
Correio: Há necessidade de privatizar a Petrobrás?
Rennó: Absolutamente. A Petrobrás é uma empresa produtiva, lucrativa, que opera com grande economia de custos e padrões técnicos modernos, que investe pesadamente em pesquisa tecnológica e na formação de recursos humanos. Na classificação da revista especializada mais conceituada no mercado petrolífero, a "Petroleum Inteligence Weekly", a Petrobrás recebeu a sétima colocação entre as maiores empresas petrolíferas de capital aberto do mundo.
Correio: Muitos afirmam que o custo de produção do nosso petróleo é muito alto.
Rennó: De modo algum. O barril de petróleo produzido pela Petrobrás, tomando a média do que é produzido nos poços de terra e nos marítimos, custa US$ 13. O importado vem ao preço de US$ 11,50, mas, quando se adiciona o valor do frete, sobe aos mesmos treze dólares. O combustível fornecido pela Petrobrás ao consumidor brasileiro, operando com a tecnologia atual da empresa, é perfeitamente competitivo com o importado. Mas há um detalhe que os detratores da companhia não mencionam: os preços da Petrobrás são fixados em reais. Se tivermos que importar o petróleo que a Petrobrás consegue produzir a treze dólares, o impacto nas nossas divisas seria muito grande.
Correio: Se a Petrobrás continuar estatal, dará conta do recado de atender à demanda de uma economia que precisa crescer para poder oferecer um padrão de vida adequado a todos?
Rennó: Este ano a empresa atingirá uma produção de 1.300.000 barris/dia, o que atende a 75% do consumo nacional. Se os planos que deixei preparados forem executados, a produção chegará, no ano 2000, a 1.500.000 barris/dia, atendendo entre 80 e 85% da demanda.
Correio: Permanecendo estatal, a Petrobrás terá condições de acompanhar a evolução da tecnologia do setor petrolífero?
Rennó: A Petrobrás não apenas copia, como tem desenvolvido tecnologia própria. Quando comecei a trabalhar na empresa, ela ganhou um prêmio por ter conseguido extrair petróleo no mar a uma profundidade de 700 metros. Atualmente, estamos extraindo petróleo a 1.850 metros. Note-se: todo esse avanço tecnológico, que implica complexas pesquisas e experimentações no campo da resistência dos materiais a pressões elevadíssimas, foi conseguido com técnicos da empresa —por sinal, todos brasileiros. Gostaria de assinalar que esse desenvolvimento tecnológico não tem preço, porque se irradia por todo o país. A Petrobrás nunca se recusou a dialogar e a negociar com todas as companhias do mundo, nem a incorporar os conhecimentos que elas têm. Mas, quando percebemos que podíamos desenvolver esses conhecimentos por conta própria, o fizemos e vencemos, sozinhos.
Correio: Os brasileiros devem defender a Petrobrás?
Rennó: A Petrobrás é a "jóia mais valiosa da coroa" —uma empresa sem preço, sob qualquer ponto de vista. Um símbolo da capacidade do povo brasileiro. Precisamos preservá-la para o país.
Correio: Por que, então, há brasileiros que querem privatizá-la e entregá-la a capitais estrangeiros?
Rennó: Só me ocorre uma explicação: aquela que diferencia o neurótico do psicótico. O neurótico soma dois com dois e pensa que são cinco; o psicótico, sabe que são quatro, mas não se conforma...
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domingo, 12 de junho de 2016
Venda de ações pode abrir espaço para a privatização da Petrobrás, adverte Joel Rennó
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